Manuel Domingos Vicente, vice-presidente de Angola, no seu discurso na 71ª Assembleia-geral das Nações Unidas, lançou acusações "polidas" à forma como a ONU e a comunidade internacional, em geral, têm gerido os dossiers mais quentes da atualidade. Afirmando que a "alteração radical da natureza dos conflitos, por um terrorismo internacional sem precedentes e por alterações climáticas inauditas" exigem "uma reflexão conjunta sobre o papel e o futuro das Nações Unidas".
Para Manuel Domingos Vicente:
"Necessitamos de uma organização capaz de promover a paz e a segurança internacional. De agir com celeridade e eficácia em situações de conflito e de dar resposta aos mais premente desafios da atualidade. Se mais razões não houvesse, estas questões deveriam constituir um incentivo para se acelerarem as reformas visando a revitalização do sistema das Nações Unidas, em particular do Conselho de Segurança".
O mote para a questão que o vice-chefe de Estado angolano pretendia abordar estava lançado. O Direito a um assento permanente, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, para África:
"Na verdade, a reforma deste conselho não é meramente opcional mas um imperativo que, se não for realizada, pode levar à incapacidade de atuação das Organização das Nações Unidas e ao contínuo esboroar da sua legitimidade e credibilidade.
A República de Angola é a favor do alargamento do número dos membros permanentes, e não permanentes, do Conselho de Segurança, por forma a torná-lo mais representativo e mais bem apetrechado, na sua capacidade de resposta, na solução dos conflitos.
Por essa razão, reiteramos o direito do continente africano de estar representado entre os membros permanentes do Conselho de Segurança conforme o Consenso de Ezulwini".
Guiné Equatorial defende mesmo argumento
O facto África não estar representada, "de forma permanente numa das mais altas instâncias" da Organização das Nações Unidas foi também comentado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné Equatorial, durante o seu discurso:
"71 anos depois, África vê recusado o seu direito a exprimir-se, a ter o direito de veto no seio dos países membros do Conselho de Segurança, isso não é justo", afirmou Agapito Mba Mokuy.
Sobre as Alterações Climáticas Globais
Ainda sobre o discurso do vice-presidente de Angola, na Assembleia-geral das Nações Unidas, ficou clara a apreensão do país, no que diz respeito às Alterações climáticas.
Manuel Domingos Vicente fez questão de frisar que o país representa, digamos, uma gota num vasto oceano, mas que as repercussões para o país são alarmantes:
"A República de Angola representa somente 0,17% das emissões de gases com efeito de estufa. Contudo, os efeitos das alterações climáticas já são sentidos entre nós, de muitas formas, evidenciadas pelo agravamento e encurtamento dos ciclos da seca e alta precipitação, que colocam em risco a agricultura, infraestuturas sociais e económicas e o aumento da incidência de várias endemias".
Por essa razão o governante afirmou que é intenção de Angola ratificar o Tratado, sobre a matéria, assinado, no final de 2015, em Paris:
"Por isso, é nossa intenção ratificar, no mais curto espaço de tempo possível, o acordo de Paris, como sendo o nosso inequívoco compromisso, como vontade de contribuirmos para o alcance dos objetivos da convenção", adiantou o vice-presidente angolano.