Durante o último Conselho de Paz e Segurança da União Africana, que decorreu em Addis-Abeba, capital da Etiópia, Angola deixou expressa a sua preocupação com o impasse político que se vive na Guiné-Bissau.
A Representação Permanente do país junto da União Africana afirmou que, e de acordo com a Constituição da Guiné-Bissau, é o Presidente da República deve nomear o Primeiro-ministro tendo por base os resultados eleitorais. O país perde, por isso, "medidas punitivas" para quem crie obstáculos à nomeação do novo chefe do executivo guineense:
"Esta delegação chama a atenção do Conselho de Paz e Segurança para que continue a acompanhar a atual crise política e a manifestar-se pronto para tomar as medidas necessárias no sentido de evitar um eventual agravamento da situação com a adoção de medidas punitivas para indivíduos ou entidades que continuem a criar obstáculos à normalização da vida constitucional na Guiné-Bissau", afirmou um dos representantes de Angola no referido conselho acrescentando:
"Perante esta crescente crise política, que já dura há mais de quatro anos, e a consequente degradação económica em função do aumento do défice público que ultrapassou, consideravelmente, o objetivo orçamental, a delegação angolana nota com preocupação e pela primeira vez repetidos casos de insubordinação de certos membros do Governo às ordens do primeiro-ministro em exercício".
O agendamento das próximas presidenciais na Guiné-Bissau são, também, fonte de preocupação para Angola já que a instabilidade "política e constitucional" pode ter, dizem, "consequências imprevisíveis":
"A problemática da eleição do Primeiro-ministro e a necessidade da marcação das eleições presidenciais, nos prazos estabelecidos colocam a Guiné-Bissau numa verdadeira encruzilhada política, de cuja gestão poderá depender o seu futuro imediato".
Foi a 10 de março deste ano que os guineenses foram chamados às urnas mas uma contenda sobre a composição da mesa da Assembleia Nacional Popular leva o Presidente do país, José Mário Vaz, a recusar-se dar posse a Domingos Simões Pereira, o presidente do PAIGC, partido que venceu o escrutínio e que está pronto a governar em coligação já formada.