A expressão "musseque" refere-se aos subúrbios de Luanda, Angola. "Musseque" vem do kimbundu "mu seke", que significa "no vermelho/local arenoso", sendo que a areia/terra de Luanda é vermelha (seke).
Os portugueses, tal como noutros casos, tinham por hábito construir palavras através de uma expressão que lhes era dita. Possivelmente, algum português perguntou a um africano: "Onde é?" e este terá respondido "mu seke".
A um dado momento, musseque passa a designar os grupos de palhotas, que se adensam no alto das barrocas e que, por semelhança à SEKE (vermelho ocre), tomam o nome do material (areia) sobre o qual se implantam. O seu desenvolvimento está intimamente ligado ao da cidade propriamente dita. A partir de 1962, a febre da construção civil e o lançamento da indústria fascinam cada vez mais as populações rurais que abandonam os seus locais de origem e migram para a cidade grande, Luanda. Estas gentes instalam-se nos musseques e reagrupam-se segundo as suas origens. Os musseques passam a designar o espaço social dos colonizados, assalariados, reduto da mão de obra barata e de reserva, ao crescimento colonial, colocados à margem do processo urbano, surgindo como espaço dos marginalizados, e cuja fisionomia está em constante transformação.
Se tivermos em conta a definição mais generalizada da palavra musseque, no português de Angola, ou seja, bairro ou uma aglomeração de residência pobres; podemos encontrar correspondência às favelas (planta espinhosa e resistente) brasileiras, aos bairros de lata de Portugal e aos caniços (plantas utilizadas na construção de palhotas) de Moçambique.