O ministério dos Negócios Estrangeiros de São Tomé e Príncipe anunciou que os três espanhóis que tinham sido detidos, em agosto, por alegada participação numa tentativa de golpe de Estado podem regressar a casa. Os três homens, cujo caso foi acompanhado pelas autoridades espanholas e pela União Europeia, deixaram de estar na mira da justiça são-tomense depois do processo à suposta tentativa de golpe de Estado ter sido arquivado. Uma decisão saudada pelo governo de Espanha.
Há dez dias, durante o debate parlamentar sobre o estado da Nação, o novo ministro da Defesa e Ordem Interna são-tomense, Óscar Sousa, afirmava que a tentativa de concretização de dois golpes de Estado, que o anterior governo assegurava estarem a ser preparados, em junho e agosto, foram "forjados" e afirmava: "eu vou desmontá-los". Assegurando ainda que: "Não houve nenhuma tentativa de golpe de Estado".
Os três espanhóis tinham sido libertados, no mês passado, por ordem de um tribunal, mas encontravam-se sob termo de identidade e residência.
Em agosto, o governo são-tomense, ainda liderado por Patrice Trovoada, afirmava ter impedido a realização de "uma ação terrorista que visava o sequestro do Presidente da República, do presidente da Assembleia Nacional e a eliminação física do Primeiro-ministro", na altura foram detidos três indivíduos de nacionalidade espanhola e dois cidadãos nacionais.
Desde junho, altura em que foram detidos, por suspeita de envolvimento numa "tentativa de subversão da ordem constitucional", Gaudêncio Costa, ex-ministro da Agricultura e deputado do principal partido da oposição, e Ajax Managem, sargento das Forças Armadas, que a tensão aumentava.
Em novembro, o Ministério Público do país acusava 20 arguidos de crimes de alteração do Estado de Direito, atentado contra o chefe de Estado, associação criminosa, posse de armas proibidas, engenhos e substâncias explosivas e contrafação de moeda.
Na altura, Patrice Trovoada afirmava que foi preciso agir para "travar um plano que visava numa primeira fase a eliminação física do primeiro-ministro numa cerimónia pública efetuada por um 'sniper' ajudado por outro elemento". O objetivo, segundo o governante, era "criar condições para que depois o acesso ao poder de um grupo político fosse mais facilitado".