Dar um novo impulso à cooperação entre São Tomé e Príncipe e Angola, dois países lusófonos, é o objetivo da deslocação do Primeiro-ministro são-tomense a Luanda, a sua primeira visita oficial ao estrangeiro. Jorge Bom Jesus - que se faz acompanhar dos ministros dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidade, Elsa Pinto, e do Planeamento, Finanças e Economia Azul, Osvaldo Abreu - iniciou, esta terça-feira, uma visita de dois dias ao país consciente de que a relação entre os dois PALOP, Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, tem vivido "altos e baixos nos últimos tempos". O chefe do executivo são-tomense falava aos jornalistas antes da partida para a capital angolana.
"(...) é um país amigo com o qual temos relações bastante profundas, históricas, políticas e culturais e vamos, precisamente, para darmos um novo impulso a essa cooperação que tem conhecido altos e baixos nos últimos tempos e que é necessário reativar", afirmou o responsável pelo governo.
As relações entre Angola e São Tomé e Príncipe viram-se crispadas devido a uma contenda sobre a cervejeira Rosema, localizada em Guadalupe, em território são-tomense, e que opõe o empresário angolano Mello Xavier e os irmãos, são-tomenses, Monteiro. A questão chegou à barra do tribunal mas com decisões judiciais contraditórias. Em maio de 2018 um juiz, em resposta a uma providência cautelar interposta pelos irmãos Monteiro, anulava o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, emitido em abril do mesmo ano, e entregava, com efeito imediato, o controlo da referida fábrica à Sociedade Irmãos Monteiro. O juiz acabou suspenso, pelo Conselho Superior dos Magistrados Judiciais, por ter ido contra uma decisão do Supremo.
A Rosema, única cervejeira são-tomense, foi construída por alemães da antiga República Democrática da Alemanha. Nos anos 90 seria vendida, em hasta pública, pelo governo são-tomense à empresa angolana Ridux, do empresário Mello Xavier. Em 2009 um dos seus sócios interpôs um processo contra si, em Luanda, o que levou o Tribunal Marítimo da capital angolana a pedir ao Supremo Tribunal de São Tomé a penhora dos bens do empresário angolano no país. A decisão acabaria revogada pela mesma instância, mas a fábrica já estava a ser gerida pelo empresário são-tomense Domingos Monteiro.
Sobre esta complicada matéria o Primeiro-ministro são-tomense esclarece que acredita que a questão venha a ser abordada nos seus encontros com as autoridades angolanas.