A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental reúne-se, este sábado. Na agenda está a crise política na Guiné-Bissau e podem sair dela sanções para quem esteja a pôr em causa a estabilidade no país. No encontro, que decorre em Abuja, estará presente José Mário Vaz, isto apesar da Assembleia Nacional Popular lhe ter retirado, na semana passada, os seus poderes constitucionais.
O chefe de Estado chegou sexta-feira à Nigéria. Estarão também representados, no encontro, os partidos políticos que representam a maioria parlamentar: o PAIGC, vencedor das Legislativas de março, mas também a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau e a União para a Mudança e Partido da Nova Democracia.
Luís Filipe Tavares, ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde, país que assume este ano a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, afirmou, na Cidade da Praia, que a CPLP está "bastante preocupada" com a situação na Guiné-Bissau.
Desde 2015 que a crise se tem vindo a agravar na Guiné-Bissau. Pensava-se que com o escrutínio de março se resolveria o impasse, mas não. Foram precisos mais de três meses para que o Presidente da República desse posse a um novo Primeiro-ministro e para aqui se chegar passou-se por mais uma crise. José Mário Vaz não aceitou o nome proposto pelo Partido para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, Domingos Simões Pereira, o líder da formação - que aliás tinha sido já destituído pelo chefe de Estado em 2015. O PAIGC acabou por propor um novo nome, Aristides Gomes, um do homem que estava já esteve à frente do executivo, mas os problemas não terminaram aí. O Primeiro-ministro tomou posse mas José Mário Vaz recusou os nomes propostos para comporem o governo.
Na sequência deste novo impasse a maioria dos deputados do parlamento, por 54 dos 102 deputados, aprovou uma resolução pela cessação, imediata, das funções constitucionais do representante máximo do Estado guineense. Votos contra do MADEM-G15 e do Partido de Renovação Social que consideram que está em curso uma tentativa de golpe de Estado. Como dita a Constituição José Mário Vaz é substituído, até às Presidenciais de 24 de novembro, e à tomada de posse do novo chefe de Estado, o presidente do parlamento, Cipriano Cassamá.