Chegaram a Angola seis dos 17 navios patrulha encomendados, em 2016, pelo então chefe de Estado angolano, José Eduardo dos Santos. Compra feita à empresa Privinvest, dos Emirados Árabes Unidos, e que custou aos cofre do Estado 405 milhões de euros. O contrato, publicado em decreto presidencial em agosto de 22016, prevê ainda a construção de um estaleiro naval, decisão anunciada um mês depois pelo presidente do grupo contratado, que seria uma contrapartida pelo adjudicação do contrato. João Lourenço justificava, na altura, a compra com necessidade de implementar o projeto de Vigilância Marítima da Costa Angolana. O processo chegou a estar parado, por falta de verbas, mas acabou por avançar, já com João Lourenço, no ano passado.
A Privinvest Shipbuilding Investments LCC, grupo que inclui várias empresas da área da construção naval, está envolvida no escândalo das "dívidas escondidas", desencadeado em abril de 2016 em Moçambique. Na altura o Fundo Monetário Internacional e um grupo de doadores internacionais anunciaram ter descoberto que tinham desaparecido cerca de dois mil milhões de dólares, o que levou ao congelamento dos apoios estrangeiros ao país e a uma auditoria a dívidas que se viria a descobrir tinham sido escondidas, entre 2012 e 2013. Um processo que envolve o antigo ministro das Finanças moçambicano, Manuel Chang, que foi há poucos das detido na África do Sul.
Na altura da assinatura do contrato, João Lourenço era ministro da Defesa, e num relatório da consultora EXX Africa questionava-se a credibilidade do país pelo facto de estar a fazer um acordo com um empresa envolvida no escândalo moçambicano. A EXX Africa escrevia, no documento, que havia "indícios cada vez maiores de envolvimento, de líderes políticos angolanos, no escândalo moçambicano".
(Foto: https://www.privinvest.com/image-gallery/)