Guerra aberta entre Jair Bolsonaro e Emmanuel Macron. O presidente francês quer que a grave crise que se vive na Amazónia seja discutida, este fim de semana, na Cimeira do G7, que decorre em terras gaulesas. Em comunicado a presidência francesa adiantava que, dados os últimos desenvolvimentos, Macron era obrigado a concluir que Bolsonaro lhe mentiu na Cimeira de Osaka ao não respeitar os compromissos ambientais firmados e ao não se empenhar em matéria de biodiversidade.
Em reação a estas palavras o chefe de Estado brasileiro afirmou que o seu homólogo se está a aproveitar da situação para tirar “ganhos políticos”:
"Incêndios florestais existem em todo mundo e isto não pode servir de pretexto para sanções internacionais. O Brasil continuará sendo, como foi até hoje, um país amigo de todos e responsável pela proteção da sua floresta amazónica", afirmou Jair Bolsonaro, num discurso na televisão.
Ontem, o chefe de Estado brasileiro autorizava, por decreto, o recurso às Forças Armadas para “ações preventivas e repressivas contra delitos ambientais” e no combate a “focos de incêndio”, para o período entre 24 de agosto e 24 de setembro.
França e Irlanda tinham posto em causa o acordo de livre comércio assinado entre a União Europeia e o Mercado Comum do Sul, Mercosul, devido à tragédia na floresta amazónica brasileira.
O país já tinha visto suspenso o apoio da Noruega e da Alemanha, os principais doadores do Fundo Amazónia, pelos mesmos motivos.
Entretanto, os EUA ofereceram-se para apoiar o Brasil no combate os fogos:
"O Presidente Trump também se colocou à disposição para nos ajudar na proteção da Amazónia e no combate às queimadas [incêndios], se assim desejarmos, bem como para trabalharmos juntos por uma política ambiental que respeite a soberania dos países", afirmou o presidente brasileiro.
Já o Primeiro-ministro português, António Costa mostrou-se solidário para com o povo brasileiro acrescentando que aquilo de que o país precisa, neste momento, é de apoio.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou ontem que a Amazónia “deve ser protegida”, dizendo-se “profundamente preocupado” com os incêndios naquela que é uma das “mais importantes fontes de oxigénio e biodiversidade” do mundo.
Na última noite, milhares de pessoas protestaram na cidade de São Paulo contra a crise na Amazónia, provocada pelas queimadas e desflorestação, mas também contra o Governo liderado pelo Presidente Jair Bolsonaro.
O número de incêndios no Brasil aumentou exponencialmente este ano. Só na Amazónia, a maior floresta tropical do mundo, o número de fogos/queimadas quase duplicou.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil a desflorestação neste pulmão do planeta Terra aumentou 278% em julho, em relação ao mesmo período de 2018.
(Foto: @GovernodoAmazonas)