Foi a 24 de novembro de 1973 que a Guiné-Bissau proclamava a sua independência. Oficialmente, teria de esperar um pouco mais para que Portugal a reconhecesse. Para trás ficavam anos de uma guerra sangrenta. A dois meses das eleições Presidenciais o chefe de Estado, José Mário Vaz, e o líder do PAIGC, aproveitaram para deixar recados e falar em sonhos:

"O sonho de construir uma Guiné-Bissau “Pikininu na Tamanhu, Garandi na Fama”. Esse sonho não é uma utopia e compete-nos a nós, patriotas guineenses, provar ao mundo que não é uma utopia. Compete-nos transformar esse sonho numa realidade incontestável, para que voltemos a ser nós mesmos" afirmou o Presidente da República. 

Domingos Simões Pereira, candidato às eleições de novembro pelo PAIGC, o principal partido do país, tem uma visão, lembra o feito "singular e heróico", da proclamação da autodeterminação e independência e da merecida homenagem a essas gerações, mas coloca achas na fogueira:

"Essa justa homenagem é todavia temperada pela frustração de não encontrar o país sonhado e que a independência prometeu. Muitos já transformam essa frustração em revolta e começam a não acreditar na viabilidade do país. (...) Já tombados mil vezes, sejamos capazes de erguer pela milésima primeira vez, renovando a crença num amanhã estável e próspero", afirmou o antigo Primeiro-ministro guineense.

Sobre as eleições de 24 de novembro, Domingos Simões Pereira afirmou que elas são "uma excelente oportunidade de colocar uma pedra decisiva, para a mudança de rumo de que precisa o nosso país e clamam as almas tombadas para a nossa libertação".

Já o chefe de Estado lançou acusações graves:

"(...) nos últimos tempos temos sido confrontados por velhos fantasmas, que ameaçam a nossa integridade e a nossa dignidade, honra e respeitabilidade, enquanto povo, no concerto das Nações. (...) A Guiné-Bissau é uma terra de gente de bem, não vamos deixar que um pequeno grupinho estrague a dignidade de um povo humilde.".

A Guiné-Bissau vai a votos no próximo dia 24 de novembro. Uma eleições Presidenciais marcadas por divisões claras no seio do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde com Cipriano Cassamá a acabar por aceitar as primárias na sua formação que acabaram por terminar com Domingos Simões Pereira como candidato. Ainda assim, continua na corrida Carlos Gomes Júnior que foi presidente do PAIGC.

 

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